domingo, 30 de março de 2008

Pra não dizer que não falei das Flores




Quando as flores se calarem diante de nossos olhos surdos
e o perfume desaparecer de nossas narinas
talvez sejamos capazes não mais de perceber a vida
mas conscientizarmo-nos, ao menos,
de que aquilo que agora temos
não passa de mera sobrevivência

porque o silêncio das flores é o silêncio das almas
a ausência do perfume é o vazio do espírito
a incapacidade de vermos a flor que se resseca
diante de nossos olhos
a flor que se esvai em pálidas pétalas
é nossa incapacidade de sentir a vida
de tirar da existência ainda algum talento
alguma utópica explicação para este todo já vazio
deste todo autodestrutivo

porque vem das flores a verdadeira beleza
é delas que emanam a sensibilidade
e a fragilidade tão necessárias à vida

mas se flores já não há
como havemos nós inundados de alguma vida?
restam-nos as pedras e os espinhos e as sementes mortas
no solo árido do corpo ressequido que nos é esmolado
neste dia-a-dia em que nos danamos
neste cotidiano em que nos enganamos
ficcionando que somos alguma coisa
além do trágico e do medo que nos consome.

sábado, 8 de setembro de 2007

Amanda Amorim



Há tanta coisa bela nos fenômenos naturais, que acontecem a cada segundo e nem olhamos para eles, porque de tão frequentes, se tornaram “invisíveis”.
Não sabemos o que perdemos por não contemplar as pequenas coisas de que o nosso mundo é feito. A beleza, está nas coisas pequenas e simples, como a gota de orvalho que pende da folha de uma flor, e que na sua queda ao abismo, converte a luz do sol, num arco-íris de cores. A beleza de hoje, está neste fantástico pôr-do-sol, que me enche os olhos, que me acarinha e conforta a alma, por saber que amanhã, aquele sol estará de novo de volta para me aquecer o corpo e iluminar o espírito.

Amanda Amorim